sexta-feira, 5 de maio de 2017

BioGraduandos - Estágios


Boa Noite galera! Hoje o assunto será sobre estágios

Desde o início da nossa vida na graduação, ouvimos “Que a gente precisa de estágio para completar as Horas do curso” “Que o estágio vai nos direcionar pro mercado de trabalho”. Mas infelizmente os veteranos dificilmente passam informações sobre essa parte da graduação e as dúvidas reinam na cabeça de quem está no 1º e 2º anos do curso.



Primeiramente, o que é um estágio? Nada mais é do que uma atividade supervisionada que visa à preparação para o trabalho produtivo da área do estágio. Ele pode ser remunerado ou voluntário, a carga horária não pode ultrapassar 6 horas e outras particularidades que estão nesse link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm.

Beleza!! No curso de Biologia quais são as modalidades?

Estágio obrigatório ou não-obrigatório, atividades de extensão, monitorias, e projetos de iniciação científica (PIC) e projetos de iniciação a Docência.

Abaixo vou falar um pouco de cada um.

Estágio Obrigatório ou não-obrigatório: É aquele estágio que para os graduandos em Biologia, na maioria das vezes está em empresas privadas (de qualquer atividade que precise de um biólogo). Pode ser que o estágio obrigatório seja feito em algum laboratório de Biologia da própria universidade. Esses estágios em empresas privadas são mais difíceis de conseguir, por que infelizmente ainda há muito bloqueio para a contratação de biólogos em várias empresas ou às vezes nossas vagas estão sendo ocupadas por engenheiros ambientais. Eu felizmente consegui durante a graduação e isso me ajudou bastante.

Atividades de extensão: Esse é um estágio onde o graduando terá um contato maior com a sociedade. Através de palestras, mostras culturais ou feiras estudantis, os graduandos mostram o que é feito na faculdade e principalmente a importância da Biologia para suas vidas.

Monitorias: Essa atividade se resume em dar aulas/reforços de uma matéria que você já fez para graduandos de anos anteriores ao seu. Essa atividade é muito boa, pois você tem a oportunidade de ficar melhor em uma matéria específica e até seguir nessa área depois que se formar.


PIC – Projeto de Iniciação Científica: Essa é a atividade mais procurada e executada por graduandos na Biologia. Primeiramente, ela vai mostrar como é o trabalho da área que o graduando gosta (podendo satisfazer ou não atender as expectativas kk) e segundo, por que é a que mais dá bolsas. Eu oriento que todo graduando faça ao menos essa atividade para se ambientar com a área que gosta. Como o nome já diz, ela iniciará o graduando na Ciência. Se o seu orientador for bom o bastante, ele o introduzirá nessa área, apresentando o método científico e a ética que é muito necessária para essa área. Essa é a área que a maioria dos graduandos de Bio vão seguir depois de se formar. Fiz dois anos de PIBIC e me ajudou muito no Mestrado.















PIBID – Programa de Iniciação a Docência: Essa atividade é similar ao PIC, no entanto ela foca na Docência. Nessa atividade o graduando aprenderá a lecionar para salas de aula de ensino médio e fundamental e aplicam aulas supervisionadas para suas salas. Essa é uma ótima atividade para quem adora dar aulas (para quem tem vocação).












Ok. Elenquei diversas atividades que os graduandos podem aproveitar na graduação. Mas ainda existem duas que ultimamente estão sendo comuns e muito oferecidas em diversos cursos de Biologia. Essas atividades são Empresa Júnior e Atléticas Acadêmicas.

As duas tentam formar competências diferentes nos graduandos, que as grades dos cursos de Biologia não oferecem. As empresas juniores formam o espirito empreendedor no graduando e dá noções de administração de empresa , além de possibilitar que você aplique os conhecimentos da biologia a partir da consultoria ambiental. Já a Atlética disponibiliza uma vida acadêmica com muita integração com vários cursos da universidade onde estão inseridas e fomentam uma vida mais saudável e competitiva onde os integrantes defendem o curso de Biologia em diversos esportes. Uma coisa em comum que as duas entidades disponibilizam são os Contatos (QI) que você pode fazer e levar para sua vida profissional! E podem ter certeza, esses contatos te ajudarão muito!


Agora que você já conhece as atividades, eu tenho uma dica para você. Faça pelo menos duas atividades. Mas ae tu pode falar “Poh, já tem as matérias, e ele quer mais duas atividades?” Sim! Eu peço que você faça duas ao menos! Essas atividades farão muita diferença na sua vida profissional! E depois que você se forma, não terá mais oportunidade de fazê-las novamente! Então use a cabeça ;)

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Qual a sua Pegada?


Vocês já pensaram que o quanto e o quê consumimos, pode ser mensurado e transformado numa pegada? Sim! Uma pegada ecológica! É como se fosse o rastro de consumo que deixamos no mundo.




O resultado dessa métrica nada mais é do que a quantidade de hectáres necessários para produzir os recursos renováveis que cada pessoa utiliza para suportar seu estilo de vida (Em inglês, global hectar, sigla: gha). Essa métrica foi criada e é utilizada pela ONG Global Footprint Network. Mas quais são os critérios para se chegar nesse valor?

Bom, os cálculos são feitos em cima de recursos que são necessários para o estilo de vida da maioria das pessoas. Os recursos são: alimentação, moradia, bens, serviços, tabaco e transporte. 

Ainda tá complicado de entender? kk. Pensem da seguinte forma, para produzir carne são necessários vários hectares de terra, enquanto que para se produzir hortaliças ou grãos a quantidade de terra é bem menor. Com isso, se você se alimenta muito de carne, sua pegada ecológica é maior do que a de um vegetariano, por exemplo (pensando só nesse recurso).

Atualmente existem vários sites que calculam para você a sua pegada ecológica. Por exemplo o site pegada ecológica http://www.pegadaecologica.org.br/2015/pegada.php, calcula sua pegada, a partir de perguntas sobre o seu uso dos recursos. A minha pegada ecológica está abaixo: 




É gente, eu sei, tô usando mais do que eu devia :/ 
A resposta diz que precisaríamos mais do que um planeta, se todos a população mundial tivesse o mesmo estilo de vida. Mas o que isso quer dizer? 

Que existem pessoas no mundo que estão utilizando menos que um planeta para sobreviver. Pode ser por opção, ou pois não possuem renda suficiente para viverem dessa forma. Com isso, temos essas pegadas maiores que um planeta. 

Outra forma de ver os resultados (grande maioria) é a partir de número de hectares globais necessários para sustentar o estilo de vida de uma pessoa. Nesse caso, fica mais fácil de ver a discrepância  entre países ricos e pobres. Os países com maiores pegadas ecológicas a partir do número de hectares globais são: Emirados Árabes Unidos (10,8 gha); Qatar (10,51 gha); Dinamarca (8,26 gha); Estados Unidos (8,0 gha). Isso quer dizer que eles estão consumindo mais do que deveriam. Segundo o relatório Ecological Footprint Atlas 2010, o planeta possui 2,7 gha como média. O necessário para manter a sustentabilidade na Terra é de 1,78.

Mas como posso diminuir minha pegada?

- Tente consumir alimentos vegetais
- Utilize trasnporte público
- Descarte menos bens em pouco tempo.
Entre outras.

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 Fonte: 

quinta-feira, 23 de março de 2017

Profissão Biólogo - Prestador de serviços

O último post que fizemos sobre a profissão de Biólogo, foi focado na área da Ciência, onde vocês viram um pouco como é a realidade dessa parte da Biologia.


Hoje falaremos de outra parte da Biologia que muitos desconhecem, mas que ultimamente vem sendo procurada por muitos biólogos recém-formados. A prestação de serviços é a área onde poucos dos biólogos que se formam seguem, pois falta conhecimento sobre o assunto e por que muitas vezes não temos capacidade de pensar que podemos vender nosso produto ou serviço.

Abaixo eu elenquei alguns fatores que podem contribuir pra isso:

Grade da faculdade: Esse é o principal. Eu não sei o de vocês, mas onde eu fiz a faculdade (UEM), o foco é formar biólogos para lecionar ou entrar na vida acadêmica. Nada contra as matérias. Elas são ótimas na nossa formação. Mas a grade também deveria focar em matérias como elaboração de projetos ambientais, empreendedorismo e função do CRBio.

Cultura do biólogo: Tem muita gente que simplesmente adora ficar no meio do mato, coletar e ficar vendo bicho o dia todo e por isso quando o assunto é se relacionar com pessoas, acabam se derrapando e nem tentam ir pra consultoria por isso. Muitos dizem que não gostam de se relacionar com pessoas. Pra mim é desculpa. Você é um profissional ótimo, como um engenheiro, médico ou advogado. E eles conseguem clientes, por que simplesmente vão atrás. A graça de prestar um bom serviço é ver o rosto satisfeito do seu cliente, mesmo que para isso você precise aturar diversos outros clientes chatos kk. E esqueça, ninguém faz Biologia por amor! Fazemos esse curso pois é o que sentimos maior afinidade e onde temos certeza que realizaremos um trabalho formidável. Esse trabalho formidável resultará em dinheiro pra você!

Concorrência: Além de concorrermos com nós mesmos, a gente concorre com profissionais que cada vez mais acabam se “apropriando” de serviços que biólogos são competentes o bastante para fazer. Engenheiros ambientais, florestais, agrônomos e geólogos, estão cada vez mais realizando projetos que nós temos capacidade de realizar.

Atualmente o CFBio nos gabarita a realizar mais de 30 tipos de serviços que estão incluídos na área de biotecnologia, análises clínicas e meio ambiente. Imagina só. São 30 tipos! É muita coisa. E por que não estamos lá? Por que muitos de nós preferem uma bolsa de mestrado ou doutorado, ao de tentar entrar nessa área! Muito potencial perdido.

Abaixo vou elencar os principais serviços que um biólogo pode realizar e eu conheço alguns companheiros de profissão que estão ganhando muito dinheiro com isso.

                                                                                    Levantamento Faunístico e Florístico:
Esse tipo de serviço pode participar de diversos Projetos ambientais, como EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental). Esse é o serviço onde encontra-se a grande maioria de biólogos. Ele se consiste em avaliar, qualificar e quantificar as espécies encontradas em um determinado local. Na maioria das vezes esse local será transformado em um empreendimento e por isso existe uma grande responsabilidade na elaboração desses projetos. Geralmente para projetos maiores, contrata-se biólogos especialistas em algumas áreas, como entomologistas, mastologistas ou herpetologistas, por exemplo. O grande barato desse serviço é que você mantem muito contato com a natureza! Os valores pagos por esse serviço variam muito. Tudo depende da complexidade do trabalho e o local que está sendo feito.


Gerenciamento de resíduos:
Essa é uma área que poucos biólogos trabalham. Se consiste em encontrar ferramentas e desenvolver ações necessárias para toda a logística que o resíduo produzido pode ter. Ela se compreende desde separação do lixo, na fonte de geração (cliente) até a destinação correta desse resíduo (coletoras de resíduos sólidos). Infelizmente são poucos cursos que possuem matérias relacionadas a essa área. Essa área é a que eu mais me identifico, pois durante a graduação tive a oportunidade de realizar um estágio em uma empresa de consultoria ambiental, que seu principal foco era o gerenciamento dos resíduos gerados por seus clientes. Do ponto de vista de trabalho, essa atividade requer maior contato com seus clientes, idas semanais às empresas que os contrataram e aplicação de treinamentos quando necessário. Apesar de encontrarmos mais Engenheiros ambientais trabalhando com essa área, é permitido para que o biólogo realize os Planos de gerenciamento de resíduos (PGRs).

Gestão ambiental:
Aqui é uma área onde a concorrência até com administradores, advogados e engenheiros está presente. Devido a grande oferta de cursos de Gestão ambiental, seja como graduação ou pós-graduação, a presença desse profissional no mercado de trabalho é alta. Com a pressão dos órgãos ambientais e da sociedade sobre práticas que podem causar algum dano ao meio ambiente, a necessidade desse profissional aumentou.  O trabalho de um gestor ambiental, foca na relação do processo produtivo e administrativo da empresa em relação ao meio ambiente. Ele pode atuar em uma auditoria ambiental, ou na implantação de um Selo ISO 14001, que nada mais é do que um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) que focará em como o processo produtivo da empresa pode influenciar aspectos ambientais e tentará mitigar possíveis impactos que a atividade da empresa possa ocasionar. Esse é um projeto muito legal, pois as empresas necessitam que todos os funcionários empreguem em suas atividades práticas que garantirão a obtenção do Selo ISSO 14001. Os biólogos que trabalham nessa área ainda podem administrar os processos de licenciamento ambiental que alguma atividade da empresa possa necessitar. Essa área é uma das que melhor remunera o biólogo. No entanto, é uma das mais concorrentes.


Ok Douglas! Já vi que tem muita coisa para poder trabalhar, caso eu não queira seguir a vida acadêmica e nem lecionar. Mas hoje! O que eu preciso para entrar nessa área?

Bem, se você está na graduação, procure algum estágio! Seja em empresa de consultoria ou até mesmo uma empresa júnior.

Se você já se formou,  primeiro tire o seu CRBio, após isso comece a frequentar eventos da área e comece a fazer contatos. Os QIs (Quem te indica kk) sempre me ajudaram e sempre vão me ajudar! Não será diferente com você. Por mais que você tenha muita competência no seu trabalho, você só será conhecido se divulgar quem você é!

Lembrando que eu elenquei as principais áreas que os biólogos são mais encontrados! Hoje nós encontramos biólogos em programas de TV, sendo youtubers e blogueiros kkk!


Obrigado por lerem o post! Por favor Curtam o BioBlogg!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

#Partiu - Exemplos de Dispersão

Os padrões encontrados atualmente na distribuição das espécies no globo, são influenciadas por fatores abióticos e bióticos. Um fator importante é a dispersão. Ela ajuda a determinar processos de expansão de locais onde algumas espécies são encontradas. Existem muitas formas variadas de dispersão, onde algumas espécies vegetais e animais foram desenvolvendo técnicas para aumentar a efetividade da dispersão em vários anos de evolução.



A dispersão pode ser influenciada pela biologia do indivíduo analisado, por barreiras geográficas e por eventos aleatórios. Muitas vezes, os anos de evolução da espécie, focaram seus caracteres biológicos para otimizar as capacidades de dispersão (por exemplo, frutos que podem ser consumidos por animais e suas sementes serem distribuídas por aves que possuem alta capacidade dispersiva pois podem voar). No entanto, barreiras geográficas muitas vezes impedem que algumas espécies alcancem locais que são favoráveis para sua sobrevivência. Ocasionalmente, alguns eventos aleatórios podem acontecer, como bancos de macrófitas que descem rios, levando consigo diversos invertebrados, protistas e bactérias que podem chegar a novos locais.
Abaixo vão alguns exemplos curiosos de quanto algumas espécies se especializaram para alcançar novos locais.

Besouros carabídeos

Esse primeiro exemplo mostra como as diferenças entre características biológicas podem ser decisivas para aumentar as capacidades de dispersão de diversos seres vivos. Alguns pesquisadores espanhóis estudaram a distancia ocupada por várias espécies de besouros carabídeos da península Ibérica. Eles analisaram vários dados. Mas um deles nos ajudaram a entender o motivo de algumas espécies se dispersarem mais do que outras. Neste estudo, dois tipos de besouros foram comparados.  Besouros de asas longas e besouros de asas curtas. Adivinha qual deles se dispersavam mais? Acertou quem chutou nos besouros de asas longas. Segundo os pesquisadores, o efeito do habitat é importante para explicar tal padrão. Locais que proporcionam habitats mais estabilizados, são mais habitados por animais de asas curtas, pois não precisam se deslocar para locais mais longínquos para encontrar habitats ótimos. Já para os besouros de de asas longas, habitats que sofrem com muitos distúrbios (como fogo ou inundações) são mais habitados por animais que possuem alta capacidade dispersiva, pois conseguem procurar locais mais adequados para sobrevivência, quando a região estiver sofrendo algum tipo de distúrbio.







 Tartarugas gigantes de Galápagos

Quando fala-se de Galápagos, já lembra-se desse conjunto de ilhas mágicas que foi base de estudos para alcançar vários avanços na Biologia. Esse arquipélago possui diversas espécies incomuns e muitas delas endêmicas dali. Um grupo delas são às tartarugas gigantes de Galápagos. Atualmente é encontrada somente uma espécie (Chelonoidis nigra) que é dividida em diversas subespécies. Quando se observa essas tartarugas, a questão dá origem ainda é uma incógnita. Essa dúvida paira até hoje. É sabido de que elas derivam de um ancestral que era originário da América do Sul. Mas como elas atravessaram mais de 1000 Km de oceano, para alcançar esses arquipélagos? Alguns pesquisadores afirmam que elas podem ter sido trazidos por humanos (principalmente piratas, que as usavam como alimento, pois aguentavam grandes períodos sem se alimentar ou ingerir água). Mas atualmente a hipótese mais aceita é a de que elas vieram boiando da América do Sul até Galápagos. Isso mesmo! Mas como? Bom, a hipótese se sustenta que essas espécies apesar do grande tamanho, conseguem boiar muito bem na água. Além disso elas possuem um pescoço longo que facilita a sua respiração sobre a água. Outros dois fatores que podem ter auxiliado elas, foi a alta capacidade em sobreviver longos períodos sem se alimentar ou ingerir água e ainda a corrente marítima de Humboldt, que passa pela costa da América do Sul e no Equador vira-se em direção às ilhas. Com a chegada dos europeus a partir do século XVI, elas sofreram muito com o consumo da sua carne e com a competição com espécies introduzidas pelo homem. Atualmente  existem programas que focam na recolonização dessas tartarugas nas ilhas do arquipélago.
















Algas cosmopolitas

Muitas algas do mesmo gênero ou às vezes da mesma espécie, são encontradas em várias partes do mundo. A pergunta é como essas espécies microscópicas, conseguem se dispersar e alcançar locais tão distintos do globo? Essas criaturas utilizam outros animais para alcançar novos locais.  Aves que vão até locais alagados ou rios (principal habitat de várias algas) para se alimentar, acabam ficando com algas presas em suas penas ou pernas e com isso, quando se deslocam para outros locais elas acabam levando as algas. Quando alcançam novos locais alagados, essas algas começam a se desenvolver e alcançar populações grandes o bastante para perpetuar a espécie naquele local. Com isso o ciclo recomeça, com uma nova ave. Dessa forma tais espécies, mesmo sendo pequeninas, conseguem alcançar diversos pontos do globo.

Aguapés dispersores

Quem já foi pescar conhece o Aguapé (Eichhornia crassipes), ela é uma macrófita flutuante, nativa da América do Sul. Essa planta pode alcançar um grande crescimento e formar grandes bancos. Muitas vezes esses bancos podem se desprender dos locais onde estão estabilizados e seguirem o fluxo de algum curso d’água. Nesse momento ela pode ser um agente dispersor para sua própria espécie e para diversos organismos que estão habitando suas folhas ou raízes. Quando esse banco chega a um novo local, poderá começar a se estabelecer e manter uma população e ainda introduzirá diversas espécies de microrganismos, vertebrados e até invertebrados que chegaram com elas a esse novo local. O vídeo abaixo mostra um pouco disso. Apesar da velocidade da água ser grande, os “caronistas” que conseguirem sobreviver a viagem, poderão se desenvolver num novo local.


Plantas

Talvez esses organismos, são os que mais chamem atenção, quando o assunto é dispersão. Pois, apesar de serem seres sésseis, ainda assim conseguem dispersar sua prole para diversos locais. Existem vários exemplos, algumas plantas, utilizam o vento como as sementes de Cedro (Cedrela fissilis) que possuem um formato de sâmaras e quando são liberados por seus frutos do alto das copas, acabam caindo de forma vagarosa. O mais curioso dessa dispersão é a forma que as sementes “caiem”. O formato da semente e o material leve que ela é formado, dão a combinação perfeita para ela cair “girando” em torno de seu próprio eixo. Esse “giro” faz com que as sementes permaneçam mais tempo no ar e consigam alcançar locais mais distante do que sua origem. Diversas árvores de grande porte possuem essa estratégia de dispersão.
Ainda existem plantas que se dispersam utilizando animais como vetores (zoocoria). Geralmente são plantas com frutos carnosos e que possuem muita polpa. Os animais se alimentam desses frutos e às vezes ingerem as sementes contidas nos frutos. Alguns morcegos se alimentam de árvores como o Figo e vão a outras áreas e lá eles defecam, dispersando as sementes que foram alimentadas. Essa é uma das dispersões mais conhecidas e utilizadas pelas plantas.













Referências: 

Gutiérrez, D; Menéndez, R.; Patterns in the distribution, abundance and body size of carabid beetles (Coleoptera; Caroboidea) in relation to dispersal ability. Journal of Biogeography. 1997. 24. 903-914.

Caccone, A.; Gentile, G.; Gibbs, J.; Fitts, T.; Snell, H.; Betts, J.; Powell, J. Phylogeography and History of Giant Galápagos Tortoises. Evolution. 56 (10): 2052-2066. 2002

Lester, S.; Ruttenberg, B.; Gaines, S.; Kinlan B.; The relationship between dispersal ability and geographic range size. Ecology Letters, 2007 (10): 745-758.

Wilmé, L.; Waeber, P.; Ganzhorn, J.; Human translocation as an alternative hypothesis to explain the presence of giant tortoises on remote islands in the south-western Indian Ocean. Journal of Biogeography. 2017. 44, 1-7.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Profissão Biólogo - Cientista

Nos últimos meses estive imerso num mundo novo e desafiador para qualquer biólogo.


Em março de 2015 comecei a fazer mestrado em Ecologia de ambientes aquáticos, e entrei num laboratório cuja ênfase de pesquisas são espécies invasoras.

Como eu não havia feito uma boa Iniciação científica tive que começar tudo durante o mestrado. E galera, isso faz muita diferença, se você aproveita a graduação e vai sendo inserido na Ciência, através de bons orientadores e ótimos colegas de laboratório, quando você chega na pós-graduação (mestrado ou doutorado) já está muito ambientado com o clima dessa profissão. E palavras como hipótese, predição e objetivo do trabalho, não trarão tantas dúvidas para vocês.


Estou no final dessa caminhada (até março eu devo defender minha dissertação), e minha percepção é a de que eu não nasci para ser cientista. Isso mesmo. Não nasci. Minha pira é trabalhar com consultoria ambiental, resolver problemas para as pessoas e empresas e principalmente tentar ajudar o meio ambiente dessa forma. Mas Douglas, o que houve para você não querer seguir nessa área?

São duas coisas: paixão e paciência. Infelizmente eu não tenho a paixão necessária para desvendar padrões da natureza. Era só curiosidade. Como eu disse minha paixão é ajudar o meio ambiente trabalhando com as pessoas, mudando a concepção delas de como devemos lidar com o meio ambiente. A Ciência precisa de amor, dedicação, muita criatividade para ser desempenhada de forma ética e eficaz para toda a sociedade. A paciência que eu havia comentado, é sobre o quão demorado é para alcançar alguns resultados. É uma das profissões mais desgastantes a respeito disso. Em algumas áreas o cientista pesquisa em toda sua vida profissional para chegar em alguma informação que a comunidade científica vá aceitar. Eu gosto dos resultados mais rápidos.

Para ajudar vários graduandos do Brasil abaixo elenquei algumas competências e características que o Cientista deve ter.

- Determinação:

É meio que apertar a mesma tecla, por que em todas as profissões você precisa disso, mas nessa profissão, os obstáculos que você terá na carreira até a chegar um nível alto de publicações (por exemplo revistas A1) são muito grandes. Nesse caminho o cientista pode desanimar, não querer evoluir mais a sua escrita e a elaboração de suas hipóteses. Por isso a determinação é de grande importância.

- Foco:

Foco é você se manter no trilho do seu objetivo sem deixar que coisas externas alterem seu percurso. Estou salientando isso, pois no Brasil a carreira de "Pesquisador" é muito escassa. Pois o que fomenta a ciência aqui, são as universidades. Essas instituições necessitam de professores. Então para você fazer ciência, deve passar num concurso para ser professor dessas universidades. Infelizmente, você não apenas ganhará a oportunidade de fazer ciência, mas terá que dar aulas (preparar elas, corrigir provas) e terá que ocupar alguns cargos administrativos dentro da universidade (essa é a parte que mais toma tempo), por isso muito foco, pois do contrário os artigos não sairão.









- Curiosidade:

Um ótimo cientista deve ter muita curiosidade. Pois só a partir dela ele tentará testar novas hipóteses e aumentará a informação sobre o assunto estudado. Infelizmente alguns profissionais com o tempo, vão perdendo isso ou simplesmente acham que a área não tem mais pra onde crescer. Não caiam nessa armadilha.

- Humildade:

O meu orientador é um cientista renomado da área de Biologia da Invasão (nacional e internacionalmente), ele fez uma coisa que me deixou espantado. Recentemente entraram duas ICs (alunas de iniciação científica no laboratório) e ele propôs as ideias para os trabalhos delas. Até aí muitos orientadores chegam. Ele foi humilde o bastante para parar o que estava fazendo e sentou com as duas ICs e com nossa ajuda (mestrandos) no laboratório, discutimos tudo que poderia dar certo e errado no trabalho, metodologias, hipóteses e tudo mais (por mais de duas horas). Eu achei a atitude dele muito humilde. E simplesmente ele fez isso, por que ama o que faz. Apesar de eu não seguir na profissão dele, aprendi muitos valores de profissionalismo com ele.

- Inglês:

Sim cara. Só o verbo "to be" não irá te ajudar nessa. A ciência é feita no mundo todo. E para unificar a linguagem entre os cientistas de vários países a língua base é o Inglês. Se você quer ser um ótimo cientista deverá fazer um bom curso de Inglês. Acreditem ou não, isso abrirá portas.


No tempo que eu fiquei no laboratório meu orientador e meus colegas de lab, me indicaram a leitura desses dois livros para te inserirem na Ciência:

- Cartas a um Jovem Cientista - Edward Wilson;
- O Canto do Dodô - David Quammen

Recomendo muito a leitura deles.

Como eu disse essa profissão é desafiadora e gratificante, no entanto é necessário amor e determinação para produzir Ciência de verdade.