terça-feira, 8 de setembro de 2015

Flutuabilidade e Bexiga Natatória


Como os peixes fazem para flutuar na água?


A flutuabilidade é um dos desafios que os peixes precisam enfrentar para desenvolver o seu papel nos ecossistemas. Alguns fatores biológicos e físicos atuam conjuntamente para permitir que os peixes consigam isso. Na escala evolutiva, os peixes desenvolveram diversos padrões para amenizar o efeito da flutuabilidade em seus corpos. Capacidade de engolfar o ar, ou transformar compostos de seu sangue para aumentar sua densidade é uma dessas habilidades.

Sobre a flutuabilidade os peixes podem ser divididos em dois grupos:
-Fisóstomos: peixes que possuem uma ligação entre o seu tubo digestório e sua bexiga natatória.
Fisóclistos: peixes que não possuem ligação do tubo digestivo com a bexiga natatória.
Por falar em bexiga natatória, por que ela se chama assim? Esse nome é devido a capacidade desse órgão de possibilitar com que o peixe se eleve ou abaixe na coluna d’água.




Mas como isso acontece?

Para todas os seres vivos aquáticos existe uma pressão que exerce influencia sobre sua flutuabilidade.  Essa pressão se chama hidrostática e está relacionada com a força que a água faz em todos os corpos que estão em seu interior. Ela funciona basicamente da seguinte forma sobre os peixes: quanto mais fundo o peixe vai, mais essa pressão exerce força sobre a bexiga natatória, comprimindo-a e diminuindo a quantidade de gás que está contido nela. Dessa forma o peixe vai afundando ainda mais. Já quando o peixe se eleva na coluna d’água a pressão vai diminuindo e a quantidade de gás vai aumentando dentro da bexiga.

Mas vendo dessa forma, ou os peixes estariam boiando na coluna d'água, ou sempre estariam no fundo dos rios e lagos. Como eles fazem para isso não acontecer?

É ai, que entra a função da bexiga natatória, dependendo de como é a classificação do peixe sobre a ligação do tubo digestório a bexiga, ela trabalha de uma forma diferente. Para os peixes fisóstomos, eles precisam ir até a superfície da água e engolfar ar. Esse ar passa pelo trato digestório e chega até a bexiga, com isso o peixe pode controlar a quantidade de gás dentro da bexiga e flutuar melhor na água. Já os peixes fisóclistos possuem outro mecanismo para ajudá-los a enfrentar a flutuabilidade.




Na região inferior da bexiga se encontra a glândula de gás. Ela tem a função de secretar gases dentro da bexiga natatória. Próximo a ela, existe uma rede de capilares sanguíneos, chamada: rete mirable. Essa rede de capilares promove um fluxo contra-corrente que facilita a liberação de gases presentes no sangue, para a bexiga natatória. Para haver a liberação a glândula de gás libera ácido lático, que acidifica o sangue e faz com que a hemoglobina libere o oxigênio, com isso o mesmo vai sendo acumulado na rete mirable, até que a pressão desse gás nessa rede de capilares se eleve acima da pressão de oxigênio dentro da bexiga e assim, consiga alcançar o interior desse órgão.




Os peixes fisóclitos, não tendo a ligação da bexiga natatória com o tubo digestivo, possuem uma cavidade acima da bexiga natatória, chamada oval. Essa cavidade se liga a vasos sanguíneos. A função dela é facilitar a passagem do gás presente na bexiga natatória, quando a mesma está com um volume alto. A alta pressão de oxigênio presente dentro da bexiga força com que o gás se difunde para dentro do sangue, livrando e diminuindo o volume dentro da bexiga.


É bom lembrar que a bexiga natatória pode ter evoluído de um pulmão rudimentar de um peixe primitivo. Dessa forma, os vertebrados pulmonados seguiram uma linha evolutiva, desenvolvendo pulmões mais sofisticados para obter oxigênio aéreo. Já os peixes com bexiga natatória possibilitou com que os peixes utilizassem brânquias para suprir a necessidade de oxigênio e que com isso, a bexiga ficasse disponível para regular a flutuabilidade desses animais. O que possibilitou maior vantagem evolutiva aos Osteichthyes (peixes ósseos)  perante a outros grupos de peixes (sem bexiga natatória) como os Chondrichthyes (peixes cartilagionosos).

Infelizmente alguns peixes sofrem algumas doenças sobre a bexiga natatória e isso impossibilita uma boa função desse órgão, fazendo com o que o peixe fique mais propício a ser predado.

Abaixo vai um vídeo mostrando um Kinguio (peixe ornamental) com problema na bexiga natatória:




Referências: POUGH F. H., JANIS, C. M., HEISER, J. B.; A Vida dos Vertebrados. 4º Edição. (coordenação editorial da edição brasileira Ana Maria de Souza). 4º Edição. São Paulo. Atheneu Editora, 2008.

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