Como os peixes fazem para flutuar na água?
A flutuabilidade é um dos
desafios que os peixes precisam enfrentar para desenvolver o seu papel nos
ecossistemas. Alguns fatores biológicos e físicos atuam conjuntamente para
permitir que os peixes consigam isso. Na escala evolutiva, os peixes
desenvolveram diversos padrões para amenizar o efeito da flutuabilidade em seus
corpos. Capacidade de engolfar o ar, ou transformar compostos de seu sangue
para aumentar sua densidade é uma dessas habilidades.
Sobre a flutuabilidade os peixes
podem ser divididos em dois grupos:
-Fisóstomos: peixes que possuem
uma ligação entre o seu tubo digestório e sua bexiga natatória.
Fisóclistos: peixes que não
possuem ligação do tubo digestivo com a bexiga natatória.
Por falar em bexiga natatória,
por que ela se chama assim? Esse nome é devido a capacidade desse órgão de
possibilitar com que o peixe se eleve ou abaixe na coluna d’água.
Mas como isso acontece?
Para todas os seres vivos
aquáticos existe uma pressão que exerce influencia sobre sua flutuabilidade. Essa pressão se chama hidrostática e está
relacionada com a força que a água faz em todos os corpos que estão em seu
interior. Ela funciona basicamente da seguinte forma sobre os peixes: quanto
mais fundo o peixe vai, mais essa pressão exerce força sobre a bexiga
natatória, comprimindo-a e diminuindo a quantidade de gás que está contido
nela. Dessa forma o peixe vai afundando ainda mais. Já quando o peixe se eleva
na coluna d’água a pressão vai diminuindo e a quantidade de gás vai aumentando
dentro da bexiga.
Mas vendo dessa forma, ou os
peixes estariam boiando na coluna d'água, ou sempre estariam no fundo dos rios e
lagos. Como eles fazem para isso não acontecer?
É ai, que entra a função da
bexiga natatória, dependendo de como é a classificação do peixe sobre a ligação
do tubo digestório a bexiga, ela trabalha de uma forma diferente. Para os
peixes fisóstomos, eles precisam ir até a superfície da água e engolfar ar.
Esse ar passa pelo trato digestório e chega até a bexiga, com isso o peixe pode
controlar a quantidade de gás dentro da bexiga e flutuar melhor na água. Já os
peixes fisóclistos possuem outro mecanismo para ajudá-los a enfrentar a
flutuabilidade.
Na região inferior da bexiga se
encontra a glândula de gás. Ela tem a função de secretar gases dentro da bexiga
natatória. Próximo a ela, existe uma rede de capilares sanguíneos, chamada:
rete mirable. Essa rede de capilares promove um fluxo contra-corrente que
facilita a liberação de gases presentes no sangue, para a bexiga natatória.
Para haver a liberação a glândula de gás libera ácido lático, que acidifica o
sangue e faz com que a hemoglobina libere o oxigênio, com isso o mesmo vai
sendo acumulado na rete mirable, até que a pressão desse gás nessa rede de
capilares se eleve acima da pressão de oxigênio dentro da bexiga e assim,
consiga alcançar o interior desse órgão.
Os peixes fisóclitos, não tendo a
ligação da bexiga natatória com o tubo digestivo, possuem uma cavidade acima da
bexiga natatória, chamada oval. Essa cavidade se liga a vasos sanguíneos. A
função dela é facilitar a passagem do gás presente na bexiga natatória, quando
a mesma está com um volume alto. A alta pressão de oxigênio presente dentro da
bexiga força com que o gás se difunde para dentro do sangue, livrando e
diminuindo o volume dentro da bexiga.
É bom lembrar que a bexiga
natatória pode ter evoluído de um pulmão rudimentar de um peixe primitivo.
Dessa forma, os vertebrados pulmonados seguiram uma linha evolutiva,
desenvolvendo pulmões mais sofisticados para obter oxigênio aéreo. Já os peixes
com bexiga natatória possibilitou com que os peixes utilizassem brânquias para
suprir a necessidade de oxigênio e que com isso, a bexiga ficasse disponível
para regular a flutuabilidade desses animais. O que possibilitou maior vantagem
evolutiva aos Osteichthyes (peixes ósseos) perante a outros grupos de peixes (sem bexiga
natatória) como os Chondrichthyes (peixes cartilagionosos).
Infelizmente alguns peixes sofrem algumas doenças sobre a bexiga natatória e isso impossibilita uma boa função desse órgão, fazendo com o que o peixe fique mais propício a ser predado.
Abaixo vai um vídeo mostrando um Kinguio (peixe ornamental) com problema na bexiga natatória:
Referências: POUGH F. H., JANIS, C. M., HEISER, J. B.; A Vida dos Vertebrados. 4º Edição. (coordenação editorial da edição brasileira Ana Maria de Souza). 4º Edição. São Paulo. Atheneu Editora, 2008.
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